
Onde Moram as Coisas
Onde Moram as Coisas, com texto de Pedro Ferrão e ilustrações de Marc Parchow, fala-nos dos lugares onde as coisas moram, numa cadeia de associações que nos leva, afinal, a descobrir o lugar da amizade e da liberdade. Em 2017, foi reconhecido com o galardão White Ravens e passou a integrar o Plano Nacional de Leitura.
O texto
Nesta história, mora uma casa, e nessa casa mora um menino, no menino mora um coração e, por sua vez, dentro do coração, mora o seu afecto por cães e por pássaros. É deste modo, cheio de humor, delicadeza e poesia, disfarçada nas coisas mais simples, que este livro nos lança numa viagem à (re)descoberta das coisas mais simples que vivem ao nosso lado. O texto flui como o pensamento de uma criança, tão gracioso quanto inesperado, e fala-nos sobre essa grande casa sem paredes nem tecto que é a imaginação.
Foi num dia como qualquer outro, conta o Pedro Ferrão, que a pergunta “Onde moram as coisas?” lhe entrou na cabeça, assim sem avisar nem nada. Entrou e ficou, claro. Para o Pedro, a pergunta tinha aquela simplicidade tão bonita que só as crianças sabem dar às palavras.
“Foi como se o livro, de um certo modo, tivesse ficado todo escrito logo ali com aquele título. Tudo o que fiz depois foi puxar o fio que vinha agarrado a essa pergunta e ir apontando todas ‘as coisas e as casas’ que iam saindo uma atrás da outra."Pedro Ferrão
Pouco a pouco, foi-se formando um texto que nos ensina sobre a necessidade de desaprendermos, de termos atenção aos hábitos e aos automatismos que tomam conta da nossa vida adulta e que não deixam lugar para o olhar desprevenido, para a curiosidade genuína ou para o prazer das palavras e dos jogos. “Tentem perguntar ‘Onde moram as coisas’ a vocês próprios, deixem-se levar pelas respostas, e vão ver onde vão parar”, é o conselho do Pedro. 🙂
Em Outubro de 2017, a obra passou a integrar o Plano Nacional de Leitura e foi reconhecida com o galardão White Ravens, da Biblioteca Internacional Digital para Crianças, sediada em Munique, na Alemanha. O júri do prémio distinguiu o livro com as seguintes palavras:
A sentence hidden on the book’s impressum says it well: “This book may contain smiles”. Smiling is in fact inevitable, due to the haptic pleasure the book pages provide and due to the silkscreen-style pictures, wonderful in their minimalism and exquisite pastel tones. And of course also due to the text, which is about the Portuguese word “morar”, i.e. “to live” or more precisely “to reside”. From the opening reflection, “where houses live”, the text relentlessly and a little erratically meanders across winding associations. For instance, it considers the birds who live on the "top floor” of the street, then music that constantly “moves” and can live at any place, and then on to beehives and bee wax and from there straight to ear wax, which leaves its “house” to “live” on cotton swabs. In the end, this picture book is about language and the marvellous pleasure of allowing one’s thoughts and words to roam in all directions. (Age: 5+)


As ilustrações
Marc Parchow ilustrou o livro, optando por um estilo minimalista, em que as representações simples das coisas são sublinhadas por uma palete de cores reduzida. A mancha gráfica que daí resulta pauta-se pela sobriedade e assume-se como uma fuga deliberada à exuberância de cores e pormenores que identificamos com o livro infantil. No entanto, esta opção pela contenção e pela restrição do traço e da palete, que confere às ilustrações um carácter de silhueta, acaba por dar mais liberdade e profundidade à história. “Foi assim que tentei captar o ritmo sereno do texto”, resume o Marc. E, assim, texto e imagens têm espaço para respirar na página e para falar tranquilamente ao leitor.
Por outro lado, a voz principal do texto fala-nos das coisas como se elas estivessem a ser descobertas pela primeira vez, com uma inocência primordial, e por isso houve uma opção consciente para que as ilustrações não tornassem as páginas “pesadas”.
“Não queria ilustrações com muitos pormenores nem complexidade, porque é uma voz inexperiente que está a começar a compreender o mundo e, portanto, não pode ter ainda uma visão complexa. Por isso, optei por ilustrações que são silhuetas, sombras, fragmentos, partes de alguma coisa maior que está a ser apr(e)endida.” Marc Parchow
O Marc refere ainda que adoptou uma abordagem semelhante com a palete de cores. Foram usadas cinco cores para o trabalho de ilustração e tentou-se jogar com as sobreposições e transparências dos pantones para reforçar essa ideia de aprendizagem e de combinação criativa tão importante no livro. No fundo, diz o Marc, “as ilustrações procuraram transmitir a ideia-base de cada uma das coisas evocadas de forma inequívoca, quis agarrar esses arquétipos que moram no mundo das ideias e que não são mais que a base para as combinações infinitas que a nossa imaginação é capaz de criar”.
Trailer do livro
Os autores
Nasceu numa madrugada de Verão, entre um grito mudo e uma contracção. Foi crescendo mais à volta do que para cima. Teve alguma dificuldade em saber o que queria ser quando fosse grande, porque teimava em lá chegar. Quando chegou, escolheu ensinar. Ensina palavras, principalmente em inglês, e escreve outras em português, porque gosta muito de livros e de ler. É apaixonado pelas duas rodas (com e sem motor), e é frequente encontrá-lo na montanha. Em 2013, publicou o seu primeiro livro, Noel e o Espírito de Natal, e desde então nunca mais parou de dar corda aos dedos.
Marc nasceu em Paris, no Verão quente de 1976, onde foi sujeito a uma elevada concentração de criatividade, que mais tarde o viria a prejudicar na escolha de emprego, tornando-o indiferente a qualquer carreira lucrativa. Já em Portugal, estudou design na faculdade, e desde então sobrevive a desenhar. Perdido por livros, funda com José Carlos Dias uma editora independente e faz uma pós-graduação em edição, onde acaba por conhecer o amor da sua vida. Recentemente, montou uma oficina, para poder sujar as mãos à vontade. O Marc mexe as orelhas em separado e sabe rodar escovas de dentes à pistoleiro.
Ficha técnica do livro

Autor do texto | Pedro Ferrão |
Ilustração | Marc Parchow |
Revisão | Conceição Candeias |
Data de publicação | Dezembro de 2016 |
Edição | Capa dura e miolo impresso em papel Munken Print W, 150g/m2 |
Gráfica | Rainho e Neves |
Língua | Português |
Dimensões do livro | 196 x 304 mm |
Número de páginas | 48 |
ISBN | 978-989-8696-40-3 |
Ficheiros para descarregar
Fizemos um jogo de construção de narrativas para nos acompanhar nas apresentações deste livro. Depois das apresentações há sempre quem o queira comprar.
Depois de pensarmos um bocadinho no assunto resolvemos criar uma versão do jogo que se possa descarregar, imprimir, colar numa cartolina e recortar. E é aqui que podem descarregar o ficheiro que fizemos:
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Jogo de Construção de Narrativas – Onde Moram as Coisas (2316 descarregamentos )
Divirtam-se com este jogo, e mostem-nos as histórias que vos surjam.